Poemas. Paulo Brás

 

Traducción por Sebastián Novajas 

oficio

 

soy un poeta más

entre muchos, entre cojos

entre locos, ingenuos…

 

románticos, realistas,

bohemios

los muertos, vivos,

conocidos y ajusticiados

escribo por algún motivo

y no para tener significado.

 

hago aquello que me complace

cuando nada me seduce.

 

soy un poeta más

divino o profano

admirado o crucificado

yo sé de mi señal,

pues es tan sutil que alguien diga

que es poeta

como quien se enorgullece

al decir que estudia medicina.

 

ofício

 

sou mais um poeta

entre muitos, entre tortos

entre loucos, ingênuos…

 

românticos, realistas,

boêmios.

os mortos, vivos,

conhecidos e injustiçados,

escrevo por algum motivo

e não para ter significado.

 

faço aquilo que me apraz

quando nada me seduz.

 

sou mais um poeta

divino ou profano

admirado ou crucificado.

eu sei da minha sina,

pois é tão sutil alguém dizer

que é poeta

como quem se orgulha

ao dizer que estuda medicina.

 

 

el amor deja vestigios en el tiempo

 

¿te acuerdas de aquel banco en la plaza

en cual nos sentamos

y allí me atreví a un beso?

 

robándolo allá, ayer en la tarde.

 

no sé el motivo

solo miro aquel vacío significativo

y recuerdo los tímidos gestos en aquel banco

de dos personas que ya se besaban tanto

en cada parte de esta ciudad

que, si ella desaparece como Pompeya

permanecerán los fragmentos petrificados

de labios que se amaron

desde la montaña hasta la hora nocturna.

 

o amor deixa vestígio no tempo

 

¿lembra-se daquele banco na praça

no qual nos sentamos

e ali te ousei um beijo?

 

tiraram-no de lá, ontem à tarde.

 

não sei o motivo

apenas olho aquele vazio significativo

e recordo dos tímidos gestos naquele banco

de duas pessoas que já beijam-se tanto

em cada parte dessa cidade

que, se ela sumir como Pompéia

ficarão os fragmentos petrificados

de lábios que se amaram

desde a manhã até a hora noturna.

 

 

partidas

 

hay una flecha en mi pecho

ella apunta hacia el norte

mis héroes fueron para el oeste

otros fueron a ver

 

el sol nace en el este

y hacia el sur, tienta la suerte.

 

hay una flecha en mi pecho

hay veces que ella se curva

a veces, se vuelve loca

no va recto en la dirección.

 

hay una flecha en mi pecho

sea flecha, indica con un dedo índice

ella mide el placer y el dolor

además de saber el deseo de mi corazón.

 

partidas

 

há uma seta no meu peito

ela aponta para o norte

meus heróis foram pro oeste

outros foram ver

o sol nascer no leste

e para o sul, tentar a sorte.

 

há uma seta no meu peito

têm vezes que ela faz curva

às vezes, fica maluca

não sabe direito a direção.

 

há uma seta no meu peito

seja flecha, placa ou um dedo indicador

ela mensura o prazer e a dor

além de saber o desejo do meu coração.

 

 

Paulo Brás nasceu em 2000, é cantor-compositor e poeta brasileiro, estudante de Letras Português na Universidade Estadual do Ceará. Começou sua vida artística em 2014, na música e no teatro. Autor de Filhos da Vida e Outros Poemas, e coautor de uma antologia de literatura intitulada Riacho das Letras, com autores de Itaitinga, Ceará, sua cidade natal. Ambas as obras foram publicadas pela editora Premius (2021). Também publicou poemas em revistas literárias brasileiras e internacional, como a revista Ruído Manifesto, Sucuru, Ecos da Palavra, entre outras, e na revista Kametsa, do Peru. Em novembro de 2022, lançou seu EP solo Autorretrato de Um Quadro Em Branco, de forma independente, gravado no Iglu Home Studio, em Eusébio, Ceará.

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