Traducción por Sebastián Novajas
oficio
soy un poeta más
entre muchos, entre cojos
entre locos, ingenuos…
románticos, realistas,
bohemios
los muertos, vivos,
conocidos y ajusticiados
escribo por algún motivo
y no para tener significado.
hago aquello que me complace
cuando nada me seduce.
soy un poeta más
divino o profano
admirado o crucificado
yo sé de mi señal,
pues es tan sutil que alguien diga
que es poeta
como quien se enorgullece
al decir que estudia medicina.
ofício
sou mais um poeta
entre muitos, entre tortos
entre loucos, ingênuos…
românticos, realistas,
boêmios.
os mortos, vivos,
conhecidos e injustiçados,
escrevo por algum motivo
e não para ter significado.
faço aquilo que me apraz
quando nada me seduz.
sou mais um poeta
divino ou profano
admirado ou crucificado.
eu sei da minha sina,
pois é tão sutil alguém dizer
que é poeta
como quem se orgulha
ao dizer que estuda medicina.
el amor deja vestigios en el tiempo
¿te acuerdas de aquel banco en la plaza
en cual nos sentamos
y allí me atreví a un beso?
robándolo allá, ayer en la tarde.
no sé el motivo
solo miro aquel vacío significativo
y recuerdo los tímidos gestos en aquel banco
de dos personas que ya se besaban tanto
en cada parte de esta ciudad
que, si ella desaparece como Pompeya
permanecerán los fragmentos petrificados
de labios que se amaron
desde la montaña hasta la hora nocturna.
o amor deixa vestígio no tempo
¿lembra-se daquele banco na praça
no qual nos sentamos
e ali te ousei um beijo?
tiraram-no de lá, ontem à tarde.
não sei o motivo
apenas olho aquele vazio significativo
e recordo dos tímidos gestos naquele banco
de duas pessoas que já beijam-se tanto
em cada parte dessa cidade
que, se ela sumir como Pompéia
ficarão os fragmentos petrificados
de lábios que se amaram
desde a manhã até a hora noturna.
partidas
hay una flecha en mi pecho
ella apunta hacia el norte
mis héroes fueron para el oeste
otros fueron a ver
el sol nace en el este
y hacia el sur, tienta la suerte.
hay una flecha en mi pecho
hay veces que ella se curva
a veces, se vuelve loca
no va recto en la dirección.
hay una flecha en mi pecho
sea flecha, indica con un dedo índice
ella mide el placer y el dolor
además de saber el deseo de mi corazón.
partidas
há uma seta no meu peito
ela aponta para o norte
meus heróis foram pro oeste
outros foram ver
o sol nascer no leste
e para o sul, tentar a sorte.
há uma seta no meu peito
têm vezes que ela faz curva
às vezes, fica maluca
não sabe direito a direção.
há uma seta no meu peito
seja flecha, placa ou um dedo indicador
ela mensura o prazer e a dor
além de saber o desejo do meu coração.
Paulo Brás nasceu em 2000, é cantor-compositor e poeta brasileiro, estudante de Letras Português na Universidade Estadual do Ceará. Começou sua vida artística em 2014, na música e no teatro. Autor de Filhos da Vida e Outros Poemas, e coautor de uma antologia de literatura intitulada Riacho das Letras, com autores de Itaitinga, Ceará, sua cidade natal. Ambas as obras foram publicadas pela editora Premius (2021). Também publicou poemas em revistas literárias brasileiras e internacional, como a revista Ruído Manifesto, Sucuru, Ecos da Palavra, entre outras, e na revista Kametsa, do Peru. Em novembro de 2022, lançou seu EP solo Autorretrato de Um Quadro Em Branco, de forma independente, gravado no Iglu Home Studio, em Eusébio, Ceará.