Poemas. Gustavo Anjos

 

Traducción por Sebastián Novajas

 

Pregas

 

Faz dias que sinto algo embolando na garganta,

A palavra lateja lá dentro.

 

Entro, dentro

Dentro, entro.

 

Abro as pregas do poema,

Regaço o verso.

 

Sento na rima,

Faço movimentos por cima.

 

Trago ao ar livre

O gozo poético.

 

 

Pliegues

 

Hace días que siento algo atragantado en la garganta,

La palabra late allá adentro.

 

Entro, dentro

Dentro, entro.

 

Abro los pliegues del poema,

Regazo del verso.

 

Oigo la rima

Hago movimientos por arriba.

 

Trago el aire libre

El gozo poético.

 

 

Espada

 

Minha pernas

tem sede de ti,

 

Minha foice

deseja roçar com a sua,

 

Quero roçar em

todo o teu matagal.

 

Nossas espadas

querem ir à luta.

 

Foice amolada,

Espada afiada,

 

Entra na carne,

Preenche buracos vazios.

 

Molha a terra que tem sede,

Dando os frutos dos prazeres,

Gozando na boca do sol,

Dando beijo grego na lua.

 

 

Espadas

 

Mis piernas

tienen sed de ti,

 

Mi hoz

Desea rozar la suya,

 

Quiero rozar

todo tu matorral.

 

Nuestras espadas

quieren ir a luchar.

 

Hoz abollada

Espada afilada.

 

Penetra en la carne

Llena agujeros vacíos.

 

Moja la tierra que tiene sed,

Dando los frutos de los placeres,

Gozando en la boca del sol,

Dando un beso griego a la luna.

 

 

O poema de um gay

 

Lembro do tamanho do meu medo,

Era um metro e oitenta.

 

Me olhava com ódio,

Se aproximava do balcão,

Dizias que iria me violentar.

 

» Viado desaforado»

» Você deveria apanhar»

 

Uma criança

Uma criança

Uma criança

 

Engolia a saliva seca

Com o coração na mão

 

Um silêncio

Era eu e eu para me defender

Era eu e eu pra me socorrer

 

Era eu e o medo de morrer

Era eu

Somente eu

 

Por um instante

eu pensei:

Amanhã não

irei ver o sol nascer.

 

 

El poema de um gay

 

Recuerdo el tamaño de mi miedo,

Era de un metro ochenta.

 

Me miraba con odio,

Se acercaba al balcón,

Decías que me maltratarías.

 

Maricón de mierda.

Mereces ser golpeado.

 

Un niño

Un niño

Un niño

 

Traga la saliva reseca

Con el corazón en la mano

 

Un silencio

Yo y solo yo para defenderme

Yo y solo yo para auxiliarme

 

Yo y el miedo de morir

Yo

Solamente yo

 

Por un instante

Pensé:

Mañana no

veré al sol nacer.

De Mergulhando nos poemas/2021

 

E SE UM DIA A VIOLÊNCIA ACABAR

 

E se um dia eu for espancado por ter expressado minha forma de amar

E se um dia eu for assassinado por ter um jeitinho afeminado

E se um dia a violência acabar

E se um dia a paz vir a reinar

Tenho fé que um dia iremos beijar

Sem o medo de alguém nos matar

Eu só quero libertar minha dor

E poder demonstrar meu amor

 

Todo o meu amor,

Todo o meu amor…

 

Eu só quero libertar minha dor

E poder demonstrar meu amor

 

Todo o meu amor.

Todo o meu amor…

 

 

Y SI UN DÍA LA VIOLENCIA ACABARA

 

Y si un día yo huyera por haber expresado mi forma de amar

Y si un día yo fuera asesinado por haber hecho un gesto afeminado

Y si un día la violencia acabara

Y si un día la paz viniera a reinar

Tengo que que un día nos besaremos

Sin el miedo que alguien nos mate

Yo solo quiero liberarme de mi dolor

Y poder demostrar mi amor

 

Todo mi amor,

Todo mi amor…

 

Yo solo quiero liberarme de mi dolor

y poder demostrar mi amor.

 

Todo mi amor,

Todo mi amor…

De Mergulhando nos poemas/2021

 

NOITE DE CARÊNCIA

 

Me abrace sem tocar,

Me abrace com um olhar,

Não espere chegar uma data especial pra me dizer que sou um ser sensacional,

Não espere chegar o natal para presentear,

Faça tudo o que seu coração mandar,

Pois estamos nesta terra e não sabemos quanto tempo vamos ficar,

E depois que bater o arrependimento pelas palavras não ditas,

Não venha culpar o tempo,

Pois você o teve o suficiente.

 

 

NOCHE DE CARENCIA

 

Abrazame sin tocar,

Abrazame con la mirada,

No esperes llegar en una fecha especial para decirme que yo soy un ser sensacional,

No esperes llegar en navidad para presentarte,

Hace todo lo que tu corazón diga,

Pues estamos en esta tierra y no sabemos cuanto tempo vamos a estar,

Y después de golpear con el arrepentimiento las palabras no dichas,

No culpes al tiempo

Pues de ti tuve suficiente.

De No Combate/2023

 

Navalha

 

Minhas

palavras

são navalhas

que irão cortar

O teu (pré)conceito.

 

 

Navaja

 

Mis

Palabras

son navajas

que irán a cortar

tu prejuicio.

 

Gustavo Anjos é poeta, performer, contista, Antologista. Participa de diversas antologias e é autor dos livros Mergulhando nos poemas e No Combate. Membro Imortal na Academia Interamericana de Escritores, cadeira-17, Álvares de Azevedo, Fortaleza. Graduando em Letras Língua Portuguesa e Literatura pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

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